Temos visto com muita frequência uma confusão de conceitos sobre inovação. Hoje em dia, virou lugar comum tratar quase toda inovação como sendo do tipo disruptiva, em particular no ecossistema do empreendedorismo (das startups), mas isso é um sério equívoco. É importante reconhecer os diferentes tipos de inovação se queremos ser bem-sucedidos trabalhando com a estratégia adequada.
De modo simples, podemos classificar inovação de produto (bens ou serviços) em dois tipos:
- Inovação de sustentação (ou incremental), em que novas funcionalidades são agregadas a bens ou serviços já existentes; e
- Inovação radical, esta subdividida em duas classes: de ruptura e disruptiva. Inovações de ruptura implicam na quebra de paradigma (ver Thomas Kuhn). Inovações disruptivas partem de soluções mais “simples” (tecnologia inferior, funcionalidades básicas,…) e baratas focadas num público negligenciado pelas soluções existentes (ver Clayton Christensen).
Exemplos:
- Inovações de sustentação, [em bens] os winglets em asas de jatos, [em serviços] a disponibilização de novas funcionalidades em plataformas como Uber (por ex., o Uber Eats).
- Inovações de ruptura, [em bens] os motores a jato (substituindo motores de pistões), as TVs de tela plana; [em serviços] a telefonia móvel (celular), a plataforma Uber que facilitou a contratação de transporte por motoristas particulares;
- Inovações disruptivas, [em bens] os netbooks (ou subnotebooks) em seguida substituídos por tablets, as câmeras fotográficas digitais; [em serviços] o sistema operacional Linux como alternativa ao Unix ou Windows NT, a plataforma de hospedagens Airbnb.
Além da inovação de produto, podemos ainda tipificar inovação tecnológica (por ex., robotização, motores elétricos para veículos automotores, áudio e vídeo em formato digital, streaming de mídia, inteligência artificial,…), inovação de processo (por ex., linha de produção seriada, produção sob demanda, produção robotizada), e inovação de modelo de negócio (por ex., a locação de veículos automotores pelas montadoras, a distribuição de músicas e de vídeos no formato digital via download ou streaming). É importante entender que uma inovação tecnológica pode dar origem a uma inovação de processo e/ou produto, que por sua vez pode levar a uma inovação de modelo de negócio…
E agora? Ficou mais fácil?
(*) Artigo publicado originalmente no LinkedIn, atualizado